Sinais Físicos que Moldam o Destino: O Papel das Forças Mecânicas nos Tecidos

Resumo:

Os tecidos epiteliais interagem constantemente com o ambiente, e sua funcionalidade depende de um equilíbrio dinâmico (homeostase) e de uma regulação rigorosa do número celular. Isso é alcançado por programas de extrusão celular, um mecanismo que elimina células indesejadas ou prejudiciais. Estudos recentes mostram como sinais físicos influenciam o destino das células extrusoras, determinando sua morte ou sobrevivência. Esses achados podem abrir novas perspectivas para entender as propriedades do tecido tanto em condições normais quanto patológicas.

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Sinais Físicos no Destino das Células Epiteliais: Como as Forças Mecânicas Regem a Extrusão e Seus Efeitos

Os tecidos epiteliais estão em constante interação com o seu ambiente e precisam manter um equilíbrio dinâmico (homeostase) para garantir que suas células sejam rigidamente reguladas. Um dos processos centrais para essa regulação é a extrusão celular, onde células indesejadas ou danificadas são removidas dos tecidos. Um estudo recente, liderado pelo Prof. Benoit Ladoux do Max-Planck-Zentrum für Physik und Medizin (MPZPM), com colaboração de diversos institutos internacionais, revelou como as forças mecânicas intercelulares impactam diretamente o destino das células extrusoras, governando sua morte ou sobrevivência.

Publicados na Natureza Física, os resultados demonstraram que a intensidade e a duração das forças físicas dentro dos tecidos epiteliais determinam se as células eliminadas serão mortas ou vivas. As células exercem forças sobre seus vizinhos e, ao serem expulsas do tecido, podem seguir para regiões diferentes, dependendo da força dessas interações. Em particular, as células vivas são frequentemente extrudadas para a região basal do tecido, enquanto as mortas são extrudadas para a parte apical.

Esses achados revelam como forças mecânicas geradas nas junções celulares (como E-caderina) desempenham um papel crucial no destino das células, modificando seus comportamentos de apoptose (morte celular programada) e influição na progressão de doenças como o câncer. Ao estudar essas interações com base em modelos experimentais e teóricos, os pesquisadores puderam demonstrar que alterações na transmissão de forças entre as células resultam em mudanças nos modos de extrusão, com implicações significativas para a morfogênese e invasão de células tumorais.

Em síntese, esse trabalho revela o papel fundamental das forças mecânicas nas interações célula-célula e oferece novos insights sobre o potencial das junções aderentes na regulação de tecidos cancerígenos. Esse tipo de pesquisa é essencial para entendermos como os mecanismos de extrusão podem contribuir para o desenvolvimento normal dos tecidos e para a progressão tumoral.